Estás no céu



Perdi o curso dos pensamentos e esqueci o som, pestanejei e tentei fixar os olhos para ver se encontrava mais. Estava muito escuro; não avistei uma única estrela. Depois, pestanejei de novo, percebi que a escuridão estava muito mais próxima que o firmamento, sei só que uma silhueta pairava sobre mim, mais negra que a noite! As palavras fazem-me sufocar, brotam dos meus lábios como se fossem expelidas, o meu murmúrio é tão frenético como um grito. Contínuo, completamente desesperada; suspiro preferindo estar em estado de inconsciência, e afundei a cabeça entre as mãos. E agora? Que grau de dor conseguiria suportar até não cair? Tenho a certeza que ele aguentaria as torturas conferidas pelo afastamento, mas eu não! Toda a minha vida se fundiu quase num túnel. Túnel que dava para uma câmara tão ampla que comecei por negar aquilo que os olhos me diziam. O tecto era luminoso e alto de mais. Tentei descobrir a origem da claridade, mas uns raios ardentes de luz abateram-se sobre mim, ferindo-me a visão. Contava que a dissonância crescesse, mas de repente fizera-se um silêncio de morte! Sufocada por uma esperança súbita, que me deixou atordoada, ergui os olhos na direcção do rosto de um homem (só pensamento), daquele que um dia tinha sido certeza e passou HOJE a esperança! Vê-lo, naquele instante, depois de ter aceite que nunca o voltaria a ver, depois de acreditar que o tinha perdido para sempre, era demasiado para mim! Isto petrificou-me, deixou-me sem capacidade de reacção  Posteriormente, assumindo o controlo do meu corpo, só me restava recorrer à força… ele não me viu e nem viu o que os vários dias de separação criaram de diferente. Não viu que o sorriso inconsciente que eu recordava não iria ajustar-se fisicamente a esta nova cara. Ele não viu ou talvez não tenha querido saber. A capacidade de reacção dele foi e é mais forte que a minha. Este golpe todo foi tão forte, que os meus pés se ergueram antes de a cabeça bater violentamente contra o chão. Mal conseguia aguentar a dor daquele golpe espontâneo e livre; que esperança poderia ter de resistir a um massacre intensivo e premeditado? O meu coração vacilou e depois começou a bater violentamente; senti vontade de troçar de mim mesma. Seria importante que ele fosse belo e que eu o amasse, quando eu estava prestes a apagar? Tudo o que tu digas só irá piorar.

20 comentários:

Xana disse...

Que bonito texto!

Blackbird disse...

Há vários tipos de pessoas mas no geral são simpáticos :)

Vanessa Silva disse...

está fantastico!

Rosie disse...

Um dos textos mais lindos que li recentemente querida Lú. Gostei muito, não pela escolha das palavras mais bonitas, mas por ter lido as palavras mais certas.

Com doçura,
beijinhos da tua querida Rosie ♥

Rita disse...

Óh, que querida! Volto sempre :)

B! disse...

escreves lindamente...
os estudos vão bons, o coração está em recuperação...
espero que esteja tudo bem contigo, lú :)

mary anne disse...

Ajudaste sweet, obrigada. Todas as palavras ajudam, nem que seja só para ver outras perspetivas. E sim, vou seguir em frente, já tinha decidido isso. Pelo menos tentar. É o menos doloroso...

Zoey disse...

não tens que agradecer o carinho, só estou a retribuir :D

Anónimo disse...

visão que tenho depois de ler isto: escuridão, sofrimento.
espero que tenha sido um texto que não retrate o que vai nesse coração...porque senão fico muito triste!
beijos

Rapariga Simples disse...

R: Anda toda a gente sem tempo para vir ao mundo da blogoesfera. Ainda bem que existe o fim de semana, porque senão nem havia tempo.

Rita disse...

Adorei o texto...
R: Comprei uma imitação do One milion da zara e aquilo não dura nem meia hora no corpo! Fiquei mesmo desiludida!

Will, Salvador Will disse...

Um lindo texto como sempre, tu escreves mesmo bem :)
Isto sim é o que posso esperar sempre de ti ;p

Wild Spirit disse...

lindo lindo!

Íris disse...

tens mesmo que ver gossip! não vais adorar tnto como revenge porque revenge é a tua cara, mas gossip e muito boa!

Marisa. disse...

Como é que é possível escreverem tão bem? Está excelente!

Joana disse...

Querida, mudei de blogue, se quiseres o novo link manda-me um e-mail para: littlejomail@gmail.com

Beijinho :)

Unknown disse...

Eu sei lu, o problema é que eu não posso fazer! Por mais que eu queira eu nao posso dizer a verdade! Nem a ele nem a ninguém. Porque ninguém sabe da minha história com o Afonso. É segredo, só eu e ele é que sabemos. ( E uma ou outra pessoa a quem nós contamos). Mas as vezes tenho tanta vontade de chegar ao pé dele e contar-lhe tudo, nao imaginas :x

Este texto está inquietante, para além de lindo, lu :o queres falar me mais sobre ele ?

Unknown disse...

Gostava de saber o que é que se passou para seres tão sensivel a esse assunto... este texto parece-me estar relacionado com o teu pai, é verdade? :|

Unknown disse...

"Tudo o que tu digas só irá piorar." Será Verinha ?
Gostei muito do texto :)

Anónimo disse...

Lindo!! Adorei, a sério! :D